Carros alegóricos e Monumento

O Carnaval de Torres Vedras terá sofrido influências de Lisboa, dada a proximidade com a capital, nomeadamente na construção dos carros alegóricos e nos enfeites de rua.

A primeira batalha de flores em Lisboa terá decorrido em 1887, entrando em declínio no início da década de 1930. No ano seguinte, haveria de realizar-se em recinto fechado na Avenida 5 de Outubro, em Torres Vedras, revertendo o lucro a favor da Colónia Balnear Infantil de Santa Cruz.

Durante essa década, os carros alegóricos eram de particulares ou de casas comerciais como Hipólito ou Chagas.

A temática dos carros estava ligada, essencialmente, ao contexto social local, destacando-se publicidade a casas comerciais, o imaginário rural e outros temas que primavam mais pela originalidade e humor do que pela sátira.

Construídos por Luís de Faria ou Amílcar Guerreiro, os carros alegóricos eram admirados pela sua excelência artística. Em 1966 realiza-se o primeiro concurso público de desenhos de carros alegóricos, acabando a comissão por contratar o “senhor Heitor” (que fazia cenários para o Teatro Maria Vitória no Parque Mayer). Mais tarde, seguiram-se Marques Alves (ceramista das Caldas da Rainha) e Sousa Mendes.

Tradicionalmente, os carros recorriam a materiais como a madeira, cartão e gesso. A partir dos anos 1980, ocorre uma mudança de técnicas na construção dos carros alegóricos, recorrendo-se à esferovite. O uso desse material vai permitir uma maior mobilidade e facilidade em termos de execução, possibilitando a construção de trabalhos mais volumosos, ou seja, “escultóricos”. A evolução dos materiais liberta tempo para a criação de figuras, favorecendo-se a crítica social e política.

Foi também nesta altura que os carros passaram a ter por base o chassis, transformando-se em viaturas automotorizadas, que chegaram até aos dias de hoje.

Nos finais da década de 1990, ocorre outra modernização das técnicas, introduzindo-se a fibra de vidro, as resinas sintéticas e os polietilenos, que dão mais durabilidade e resistência às peças. Desde então, a fibra de vidro é o material de eleição das empresas que constroem os carros alegóricos.

Em 1999, o Carnaval de Torres Vedras fez-se anunciar através do “lançamento da primeira pedra”, uma construção que satiriza a atualidade e que é instalada no centro da cidade de Torres Vedras. A “primeira pedra”, ainda com pequenas dimensões, seria percursora do Monumento ao Carnaval de Torres Vedras, que viria a crescer em volumetria e significado.

A construção dos carros alegóricos e do monumento é sujeita a um processo de consulta às empresas do setor. No lançamento do concurso são definidas as dimensões e orçamentos, assim como o número e o tema dos carros alegóricos. Posteriormente, é feita uma seleção com base nas propostas apresentadas.

 

Fonte: Registo do Carnaval de Torres Vedras no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial